Descubra as diferenças entre CPR Verde e Crédito de Carbono, ferramentas essenciais para sustentabilidade e economia verde. Entenda aplicações e benefícios.

Diferença entre CPR Verde e Crédito de Carbono: Entenda os Instrumentos da Nova Economia Sustentável

A transição para uma economia verde está em pleno progresso, e dois instrumentos financeiros têm se destacado como fundamentais para o agronegócio e setores ambientais: a Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde) e o Crédito de Carbono. Ambos desempenham papéis importantes na promoção da sustentabilidade, mas possuem características, objetivos e aplicações distintas. Este artigo detalha as diferenças entre eles, abordando aspectos legais, técnicos e práticos para esclarecer como cada ferramenta pode ser utilizada por empresas e produtores rurais.

O que é a CPR Verde?

A Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde) é um título financeiro lançado pelo governo brasileiro em 2021, no âmbito da Lei nº 8.929/1994, com o objetivo de incentivar a conservação e a recuperação ambiental. Ela permite que produtores rurais emitam títulos lastreados em serviços ambientais prestados em suas propriedades, como a preservação de florestas nativas, recuperação de áreas degradadas ou a adoção de práticas agrícolas sustentáveis.

Características principais da CPR Verde:

  1. Instrumento financeiro: A CPR Verde é um título de crédito que permite ao produtor captar recursos de investidores interessados em apoiar iniciativas ambientais.
  2. Base legal: Regulamentada pelo Decreto nº 10.828/2021, ela estabelece regras específicas para emissão e lastreamento em serviços ambientais, conectando a preservação ao mercado financeiro.
  3. Tipos de serviços ambientais elegíveis:
    • Preservação de vegetação nativa em propriedades rurais.
    • Recuperação de áreas degradadas.
    • Captura de carbono por meio de manejo florestal ou sistemas agroflorestais.
    • Conservação da biodiversidade e de recursos hídricos.
  4. Monetização de serviços ambientais: Ao emitir a CPR Verde, o produtor obtém recursos financeiros antecipados, comprometendo-se a manter ou melhorar os serviços ambientais especificados no título.
  5. Mercado voluntário: A CPR Verde funciona predominantemente em mercados voluntários, ou seja, investidores e empresas compram o título para apoiar causas ambientais e atender às suas metas de sustentabilidade.

Exemplo prático:

Um produtor rural com 100 hectares de mata nativa pode emitir uma CPR Verde, comprovando que preserva a vegetação conforme as regras do Código Florestal. Empresas que desejam compensar impactos ambientais ou cumprir metas de ESG (Ambiental, Social e Governança) podem adquirir essa CPR, garantindo recursos financeiros ao produtor para continuar preservando.

Assim, o uso de Créditos de Carbono pode ajudar empresas a alcançarem suas metas ambientais, sendo uma ferramenta estratégica no combate às mudanças climáticas.

Além disso, a certificação de Créditos de Carbono garante que a empresa está contribuindo efetivamente para a redução das emissões de carbono, aumentando sua credibilidade no mercado.

O que é o Crédito de Carbono?

O Crédito de Carbono é uma unidade de medida que representa uma tonelada de dióxido de carbono (CO₂) que foi evitada ou retirada da atmosfera. Este instrumento surgiu no âmbito do Protocolo de Quioto (1997) e foi consolidado no Acordo de Paris (2015) como uma forma de incentivar a redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE). Além disso, o Crédito de Carbono é essencial para empresas que buscam compensar suas emissões e contribuir para a sustentabilidade ambiental. O potencial do Crédito de Carbono se torna ainda mais relevante com o aumento das iniciativas globais de redução de carbono e a pressão por práticas sustentáveis.

Características principais do Crédito de Carbono:

  1. Base legal internacional: Vinculado ao mercado de carbono, regulações globais incentivam a compensação de emissões. No Brasil, o Marco Legal do Mercado de Carbono está em desenvolvimento para regulamentar melhor sua comercialização.
  2. Geração de créditos:
    • Projetos que reduzem ou evitam emissões de GEE (ex.: energia renovável, reflorestamento).
    • Tecnologias de captura e armazenamento de carbono.
  3. Mercados de carbono:
    • Mercado regulado: Empresas obrigadas por legislação a reduzir emissões compram créditos para atender às suas metas.
    • Mercado voluntário: Empresas e indivíduos compram créditos por iniciativa própria para compensar emissões.
  4. Mensuração e certificação: Os créditos de carbono precisam ser mensurados e certificados por entidades reconhecidas, garantindo sua validade no mercado.
  5. Foco exclusivo no carbono: Diferentemente da CPR Verde, o Crédito de Carbono tem como objetivo específico a redução ou remoção de carbono.

Exemplo prático:

  • Compreender a importância do Crédito de Carbono é essencial para qualquer empresa que deseje se alinhar às melhores práticas de sustentabilidade.
  • Os Créditos de Carbono podem ser adquiridos tanto por empresas quanto por indivíduos preocupados com seu impacto ambiental.
  • Uma fazenda que utiliza plantio direto e agroflorestas consegue capturar CO₂ da atmosfera. Após certificar essa captura, ela pode vender os créditos gerados para uma indústria que excedeu sua meta de emissões.

    Principais Diferenças entre CPR Verde e Crédito de Carbono

    1. Finalidade:

    • CPR Verde: Instrumento financeiro para captar recursos destinados à conservação e recuperação ambiental, com foco em serviços ambientais gerais.
    • Crédito de Carbono: Unidade de compensação de emissões de carbono, com foco exclusivo na mitigão de GEE.

    2. Base legal:

    • CPR Verde: Regulada pela legislação nacional brasileira (Lei nº 8.929/1994 e Decreto nº 10.828/2021).
    • Crédito de Carbono: Baseado em acordos internacionais como o Protocolo de Quioto e o Acordo de Paris.

    3. Aplicabilidade:

    • CPR Verde: Apoia a manutenção de áreas preservadas e a prestação de serviços ambientais.
    • Crédito de Carbono: Focado em redução de emissões e compensação de impacto ambiental.

    4. Mercados envolvidos:

    • CPR Verde: Opera principalmente em mercados voluntários, conectando investidores e produtores rurais.
    • Crédito de Carbono: Atua em mercados regulados e voluntários, com maior foco em empresas.

    5. Mensuração:

    • CPR Verde: Avaliação qualitativa e quantitativa de serviços ambientais.
    • Crédito de Carbono: Mensuração precisa de toneladas de CO₂ equivalente.

    Benefícios para Empresas e Produtores

    CPR Verde:

    • Captação de recursos: Produtores conseguem financiamento para preservar e ampliar práticas sustentáveis.
    • ESG e marketing verde: Empresas que adquirem CPR Verde melhoram sua imagem ambiental.

    Crédito de Carbono:

    Portanto, o Crédito de Carbono não é apenas um benefício econômico, mas também um compromisso com o futuro do nosso planeta.

    • Compensação obrigatória: Empresas em mercados regulados cumprem metas de emissões.
    • Receita adicional: Produtores podem gerar créditos para venda.

    Ambas as iniciativas, a CPR Verde e o Crédito de Carbono, são essenciais para o avanço da sustentabilidade e a luta contra as mudanças climáticas.

    Investir em Créditos de Carbono pode ser, portanto, uma decisão estratégica para empresas que desejam se destacar no mercado sustentável.

    Dessa forma, tanto a CPR Verde quanto o Crédito de Carbono são fundamentais para garantir um futuro mais sustentável e equilibrado, promovendo práticas que beneficiam o meio ambiente.

    Conclusão

    A CPR Verde e o Crédito de Carbono são ferramentas complementares que impulsionam a sustentabilidade. Enquanto a CPR Verde foca na captação de recursos para serviços ambientais gerais, o Crédito de Carbono tem como objetivo exclusivo a mitigação de gases de efeito estufa. A escolha entre os dois depende dos objetivos do produtor ou da empresa: preservação ampla ou foco em emissões.

    Ambos são fundamentais para promover uma economia verde e alinhar o Brasil às metas globais de sustentabilidade, beneficiando produtores rurais, empresas e o meio ambiente.

    Escrito por: Ikaro Bravin

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